Vinicius Monteiro
Menina de Ouro Crítica
Esse texto pode conter possíveis SPOILERS.
Sinopse: Frankie Dunn (Clint Eastwood) passou a vida nos ringues, tendo agenciado e treinado grandes boxeadores. Frankie costuma passar aos lutadores com quem trabalha a mesma lição que segue para sua vida: antes de tudo, se proteja. Magoado com o afastamento de sua filha, Frankie é uma pessoa fechada e que apenas se relaciona com Scrap (Morgan Freeman), seu único amigo, que cuida também de seu ginásio. Até que surge em sua vida Maggie Fitzgerald (Hilary Swank), uma jovem determinada que possui um dom ainda não lapidado para lutar boxe. Maggie quer que Frankie a treine, mas ele não aceita treinar mulheres e, além do mais, acredita que ela esteja velha demais para iniciar uma carreira no boxe. Apesar da negativa de Frankie, Maggie decide treinar diariamente no ginásio. Ela recebe o apoio de Scrap, que a encoraja a seguir adiante. Vencido pela determinação de Maggie, Frankie enfim aceita ser seu treinador.
Crítica: 'Menina de Ouro' é sobre um velho treinador ensinando uma jovem boxeadora, apenas dizer isso, evoca uma série de imagens, a maioria delas bem clichês, de cada filme de boxe já feito, esse filme não é um filme convencional de boxe ou mesmo um filme convencional de esportes. Suas preocupações e ambições estão em uma direção completamente diferente.
O diretor Clint Eastwood inundou 'Menina de Ouro' com sua melancolia de sempre; com pouca luz do sol e com personagens que são frequentemente descobertos, cabeças inclinadas em poças de luz em meio à escuridão opressiva. Sua visão é notavelmente consistente, especialmente as imagens do próprio Eastwood angustiado e irresoluto.
Os três protagonistas apresentam performances naturais e honestas, os atores habitam esses personagens a tal ponto que você não vê mais os atores interpretando seus papéis. O coração de 'Menina de Ouro' está nas relações básicas entre Frankie, Maggie e Scrap, amizades tão puras, tão genuínas, tão autênticas que são necessários atores do calibre de Eastwood, Swank e Freeman para vendê-los neste mundo cínico.
A performance de Eastwood, que também atua, é esplêndida, quase dolorosamente crível, mas seu melhor trabalho aqui está atrás das câmeras. Como Maggie, Hilary Swank é um pacote de dinamite, uma alma determinada com muito a provar e muito pouco tempo para fazer isso, para se preocupar com a derrota. Hilary Swank mostra que 'Meninos Não Choram' não foi uma sorte única na vida, enquanto a adorável atuação de Freeman se encaixa como uma luva em seu personagem.
O filme executa um gancho de esquerda inesperado e leva a narrativa em uma direção diferente, você não pode deixar de se sentir traído por Eastwood e o roteirista Paul Haggis por minar as expectativas sobre como tudo isso vai acabar. Deste ponto em diante, 'Menina de Ouro' transcende as regras do gênero e nos mostra, com uma simplicidade nua e crua, como os seres humanos lutam para chegar a um acordo com o impensável.
Eastwood não tem medo de grandes emoções; o que começa como um conto esguio, mas comovente de determinação e lealdade, torna-se um melodrama completo de três lenços em seu terceiro ato doloroso. O diretor usa uma boa escrita, um estilo visual atemporal e texturizadas e uma narrativa simples e direta para contar uma história poderosa. 'Menina de Ouro' é construído fora do ringue, o filme não é sobre boxe ou esporte, ele é sobre lealdade e amizade, e o soco poderoso que o filme dá, vai fazer qualquer marmanjo chorar.
Nota: 9
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