Vinicius Monteiro
Guerra dos Mundos (2005) Crítica
Uma Jornada Visualmente Impressionante com Personagens Falhos e um Final Decepcionante.
Esse texto pode conter possíveis SPOILERS.
Sinopse: Em "Guerra dos Mundos", um thriller de ficção científica dirigido por Steven Spielberg, acompanhamos a luta de Ray Ferrier (Tom Cruise), um pai divorciado que precisa proteger seus filhos, Robbie (Justin Chatwin) e Rachel (Dakota Fanning), quando uma invasão alienígena de proporções épicas assola a Terra. Enquanto tripods gigantes emergem do solo, causando destruição e caos, Ray tenta desesperadamente manter sua família segura em meio ao pânico e à incerteza. Separados da ex-esposa de Ray, Mary Ann (Miranda Otto), eles embarcam em uma jornada árdua em busca de refúgio, enfrentando perigos inimagináveis e testemunhando o lado mais sombrio da humanidade em tempos de crise.
Crítica: A primeira meia hora de "Guerra dos Mundos" é eletrizante, prendendo a atenção do espectador com sua atualização moderna da obra clássica de H.G. Wells. Mais do que uma mera adaptação, o filme se transforma em um espetáculo visual de tirar o fôlego, elevando o gênero a novas alturas através de efeitos especiais inovadores e realistas.
Spielberg troca os trípodes icônicos do romance por naves triangulares voadoras, criando uma silhueta ameaçadora e única. O design intrincado e detalhado das naves, com suas superfícies metálicas e luzes pulsantes, as torna incrivelmente críveis e imponentes. As cenas de ataque alienígena são de tirar o fôlego, com cidades inteiras sendo dizimadas por raios de energia devastadores. A combinação de efeitos práticos, como miniaturas e explosões controladas, com CGI de última geração, resulta em um nível de destruição sem precedentes para a época.
O filme captura o caos e o terror da invasão alienígena de forma visceral. Câmeras instáveis simulam a desorientação e o pânico dos personagens, enquanto a edição frenética aumenta a sensação de urgência e perigo. O design de som impecável, com sons ensurdecedores de explosões e gritos de terror, completa a imersão do espectador.
No entanto, os efeitos visuais não se limitam à destruição em grande escala. Spielberg utiliza técnicas sutis para criar momentos genuínos de suspense e horror. A névoa verde que precede os ataques alienígenas gera uma atmosfera de apreensão, enquanto os close-ups nos tentáculos das criaturas revelam detalhes horripilantes.
Embora os efeitos visuais sejam impressionantes, os personagens humanos em "Guerra dos Mundos" são decepcionantemente unidimensionais. Ray Ferrier, interpretado por Tom Cruise, recebe um pouco de humanidade ao testemunhar os eventos estranhos que se desenrolam. Cruise entrega uma performance poderosa e comovente, capturando a vulnerabilidade e o desespero de um homem comum diante de um evento apocalíptico.
No entanto, a personagem de Rachel, vivida por Dakota Fanning, é frustrantemente unidimensional. Ela se limita a gritar, se perder e estar constantemente em perigo. A jovem atriz, na época com apenas 11 anos, luta para transmitir emoções genuínas, e seus diálogos soam mais como recitação do que como a fala de uma criança aterrorizada.
Após os primeiros trinta minutos empolgantes, o roteiro de "Guerra dos Mundos" começa a perder força. A história se torna repetitiva, focando na fuga constante de Ray e seus filhos, enquanto eles enfrentam multidões enlouquecidas e um assassino. A trama familiar se torna clichê e previsível, carecendo da tensão e do suspense dos momentos iniciais do filme.
O final do filme é particularmente decepcionante. A aniquilação dos invasores marcianos por meio de um vírus à base de plantas soa como uma solução Deus ex Machina, sem nenhuma explicação científica sólida e parecendo uma saída fácil para o conflito. Essa resolução abrupta não proporciona um sentimento de catarse ou resolução satisfatória para o público. A rápida aniquilação dos marcianos, sem grandes perdas entre os personagens principais, gera uma sensação de anticlímax e frustração, deixando de explorar as consequências psicológicas e sociais da invasão alienígena.
Conclusão: Em suma, "Guerra dos Mundos" é um filme tecnicamente impecável, mas com falhas narrativas que impedem que seja uma obra-prima completa. Apesar dos personagens fracos e do final decepcionante, o filme vale a pena ser assistido por suas sequências de ação impressionantes e pela direção magistral de Spielberg.
Nota: 6
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